Quem paga a conta

Mudanças em benefícios previdenciários vão aumentar custos das empresas; auxílio-doença é a principal delas.

As mudanças que o governo federal pretende implantar nos benefícios previdenciários e trabalhistas como seguro-desemprego, pensão por morte, abono salarial e auxílio-doença devem trazer aumento de custos para as empresas dos setores de indústria, comércio e serviços e, consequentemente, repasse de preços para o consumidor final. As alterações foram encaminhadas ao Congresso Nacional por meio das Medidas Provisórias 664 e 665 no final do ano passado e aguardam a aprovação dos parlamentares. A alteração que mais afeta as empresas é a do auxílio-doença. Até agora, as empresas têm que arcar com o custo de 15 dias de salário antes do INSS quando o funcionário precisa de um afastamento para tratamento de saúde. Caso as novas medidas sejam aprovadas, os empresários terão que arcar com um custo de 30 dias.

“Vai representar aumento de custos e criar um efeito cascata”, disse o presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo. Ele acredita que, em um primeiro momento, a tendência é aumentar os pedidos de afastamento de funcionários. Ele prevê que esses custos sejam repassados para o consumidor final. “É lamentável que isso aconteça”, afirmou.

Segundo Campagnolo, os microempreendedores que atuam no segmento industrial vão sofrer o impacto com mais intensidade até porque a maioria destas empresas têm de dois a três funcionários.

Para o presidente da Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio-PR), Darci Piana, as mudanças no auxílio-doença vão trazer aumento de custos e grandes problemas. Ele também acredita que os microempresários é que serão os mais prejudicados. As empresas de serviços terceirizados de segurança, limpeza e conservação também serão muito afetadas, segundo ele. “Vai ocorrer repasse de custos para o consumidor final com certeza absoluta”, afirmou.

Ele lembrou que esse custo vai se somar aos aumentos da energia elétrica, da elevação do ICMS no Paraná, do combustível, da Cide sobre a gasolina, o que pode até levar a demissões no comércio. Tudo isso deve refletir em queda de vendas no setor comercial.

O vice-coordenador da pós-graduação em Desenvolvimento Econômico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Alexandre Alves Porsse, também acredita que ocorra impacto imediato de aumento dos custos das empresas. O lado positivo, segundo ele, é que as empresas vão implementar um controle maior de afastamentos por questões de saúde. Ele acredita que, a longo prazo, ou seja, após um período de dois anos, as empresas podem conseguir diminuir esses custos. No entanto, de imediato, deve ocorrer aumento de preços para o consumidor final.

O coordenador do curso de Ciências Econômicas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Carlos Magno Bittencourt, disse que com as mudanças do auxílio-doença, o governo federal está transferindo a sua competência para a iniciativa privada. No entanto, ele acredita que haverá mais corresponsabilidade das empresas nas licenças médicas. Ele prevê que isso vai aumentar os custos e que haverá repasse para os preços. Bittencourt acredita que agora as empresas vão ser mais rigorosas na hora de contratar e devem investir mais em medicina preventiva.

Andréa Bertoldi

Fonte: folha web / Portal Contábeis

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