Taxa de antecipação da restituição do IR tem vantagem sobre tradicionais

Em um prazo de seis meses, um contribuinte que toma R$ 1 mil emprestado com um banco, pagaria R$ 757 de juros no cheque especial, R$ 165 no consignado e R$ 121 na antecipação de IR.

São Paulo – Com os juros das linhas de crédito tradicionais em alta, as taxas cobradas pelos bancos para antecipação da restituição do Imposto de Renda (IR) têm vantagens para consumidores endividados ou que pensam em tomar um empréstimo para projeto particular.

Dados do Banco Central apontam que o juro médio do crédito pessoal está em 6,27% ao mês 2015 e do empréstimo consignado (para o setor privado) em 2,59%. No cheque especial, o juro médio fechou em 9,85%.

No cinco maiores bancos do País, as taxas para antecipar a restituição do IR variam entre 1,93% ao mês – no Banco do Brasil, que tem o menor valor – e 2,92%, na Caixa Econômica Federal, que registrou um aumento de 0,93 ponto percentual em relação ao ano passado, quando cobrava 1,99% pelo crédito – essa foi a maior alta entre os gigantes do mercado.

Além dos juros, que são prefixados (não sofrerão alterações, independentemente das flutuações da Selic) , há também a incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que subiu de 1,5% para 3% no início do ano. Solicitado via assessoria de imprensa, o Itaú não informou os juros mínimos cobrados pelo crédito até o fechamento desta edição.

A modalidade de empréstimo antecipa o dinheiro que seria recebido pelo consumidor entre junho, quando serão liberados os primeiros lotes, e dezembro deste ano. Os juros, portanto, incidem entre a data da tomada do crédito e o recebimento da restituição, e são liquidados pelo em uma única parcela.

Segundo João Gomes da Silva, diretor de empréstimos e financiamentos do Bradesco, o prazo médio das operações de antecipação da restituição do IR na instituição é de 190 dias (seis meses e 10 dias). “O prazo médio máximo dessas operações tem sido de 285 dias [nove meses e 15 dias]”, afirmou.

Silva atentou que, quando o contribuinte vai declarar o imposto de renda, ela já precisa indicar um banco para receber a restituição. “Indicando o Bradesco, em posse do recibo, ele já pode pedir a antecipação”, explicou o diretor.

O teto da antecipação varia entre as instituições e o tempo de relacionamento com o cliente. A Caixa antecipa até 75% da restituição, enquanto Bradesco, Santander e Banco do Brasil liberam 100% do valor. O Bradesco e no BB, entretanto, limitam a antecipação a R$ 20 mil e o Santander entre R$ 20 mil e R$ 100, enquanto na Caixa não há teto.

Vantagens da linha

Considerando o prazo de seis meses, uma pessoa que tomasse R$ 1 mil emprestado de um banco, pagaria, em média, R$ 757 de juros no cheque especial, R$ 440 no crédito pessoal e R$ 165 no consignado. Na antecipação do Bradesco, que tem taxa de 2,31% ao mês, o valor dos juros seria R$ 146. No BB, que tem a menor taxa, ficaria em R$ 121.

Para o educador financeiro Reinaldo Domingos, da DSOP Educação Financeira, o crédito é vantajoso para uma pessoa que tem uma dívida em uma modalidade com juro maior que da linha de antecipação. “Nesse ano de incertezas, com o dólar e a Selic subindo, o consumidor precisa tomar decisões sobre sua vida financeira e a troca de uma taxa por outra menor pode ser uma boa ideia”, avaliou.

De acordo com ele, porém, a substituição de taxas tem que vir acompanhada de uma profunda análise da saúde financeira. “Se eu estou precisando trocar um crédito por outro é provável que esteja doente financeiramente, extrapolando os gastos mensalmente”, disse.

Silva, do Bradesco, afirmou, por outro lado, que a linha pode ser interessante para os gastos do começo do ano, como IPVA, IPTU e material escolar.

Malha fina

Outro ponto levantado por Domingos, da DSOP, foi a malha fina. O educador explicou que, mesmo que a pessoa faça a declaração idoneamente, qualquer deslize técnico cometido pelo contribuinte ou pela empresa em que ele trabalha pode levá-lo à malha.

“Nesse caso, se ele não conseguir resolver a situação dentro do prazo (31 de dezembro), ele terá que renegociar com o banco e provavelmente entrar em outra linha de empréstimo com taxas maiores”, observou.

Segundo Silva, caso o banco não receba a restituição dentro do prazo, o gerente entra em contato com o cliente e renegocia o débito. “Normalmente, é oferecida uma linha de crédito pessoal ou crédito com alienação do veículo [em que automóvel é dado como garantia], que possui taxas menores”, explicou.

Domingos observou ainda que a restituição é um dinheiro recolhido em 2014 que vai retornar para o contribuinte e, portanto, não tem correção da inflação. “Antecipando, o cliente vai pagar juros por um valor já defasado”, analisou.
Por: Pedro Garcia

Fonte: DCI-SP / Portal Contábeis

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